terça-feira, 28 de setembro de 2010
Anonymous
Volta e meia sou questionado sobre o programa Anonymous Gourmet da TVCOM, apresentado pelo José Antônio Pinheiro Machado. Quase todos concordam que cansaram do Anonymous, que chegou a hora da renovação.
Não vou falar da genialidade do Pinheiro Machado, seria chover no molhado. O programa como um todo tem seu valor e gosto do personagem Anonymous. Calma, vou explicar. Penso que o programa é a porta de entrada do mundo da gastronomia para milhares de pessoas. Conheço muita gente que até algum tempo atrás, tinha ele como referência. E não sabiam fritar um ovo, diga-se de passagem.
É claro, como tudo na vida, quanto mais nos aprofundamos em assunto que disperte nosso interesse, mais saberemos sobre ele. Portanto, os "filhos" do Anonymous atualmente são gourmands e gourmets e passaram a esnobar o "pai".
O grande negócio para um bom chef de cozinha é que os comensais tenham um grau elevado de cultura gastronômica e saibam diferenciar um prato bem executado de um feito de qualquer jeito. Sou extremamente técnico em relação as minhas preparações. Tento mostrar nas aulas essas diferenças e fazer com que meus alunos passem a exigir de restaurantes que se dizem de alto nível, que façam comida de alto nível.
Alto nível não quer dizer ingredientes caros. Alto nível é um grelhado corado por fora e suculento por dentro. É um camarão macio, é um salmão mal passado, e por aí vai. Não estamos na Europa onde essa cultura é popular. Os povos europeus cultuam a gastronomia há séculos. Ainda estamos engatinhando se fizermos essa comparação.
Entretanto, sinto que estamos evoluindo e rápido. Dois dados que levo em consideração para fazer essa análise é número expressivo de escolas de gastronomia e o aumento no consumo de vinho no país. Quem bebe vinho gosta de comer bem, uma coisa leva a outra.
Já as escolas tem um papel importante nessa (re)evolução. O saber "técnico" também é importante. Resta para esses aspirantes a chefs que tenham um pouco mais de paciência, e tenham consciência que o saber "prático" é tão relevante quanto.
Tem gente achando que basta fazer um cursinho na Tailândia de uma semana para ser chamado de chef. Pobres coitados, nem sequer lixaram uma chapa após uma noite de movimento pegado e limparam o chão da cozinha, só pra exercitar um pouco a humildade.
Voltaremos!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário