quarta-feira, 27 de abril de 2011

Café em NY

Porque estilo é fundamental

As possibilidades em café e principalmente barismo, são infinitas. Há todo momento surgem novas tendências e técnicas com resultados diferentes. Recentemente estive nos Estados Unidos, Nova Iorque, na busca de atualizações e graças a deus confirmações, por coincidência bem no momento em que estava acontecendo o campeonato americano de barista, regional do nordeste.

Visitei algumas indicações, inclusive do chef Sica. Aí vão algumas dicas:

Próximo ao evento, entre Meatpacking e West Village, tomei um excelente cappuccino no Kava café. Alias essa foi a maior diferença que constatei, a qualidade do leite deles. No térreo do Ace Hotel , indicação da barista Silvia Magalhães, visitamos o Stumptown Coffee, o melhor espresso que tomei na viagem. O lugar foi concebido pelo mesmo escritório de arquitetura que projetou o próprio hotel e por coincidência o Kava Café também, Roman & Williams. O ambiente por si só vale a visita.

Além dessas duas dicas, vale indicar o Roasting Plant Coffee Company, cafeteria onde os grãos percorrem todo o caminho de um silo para o torrador, de volta para o silo e dali para as máquinas de espresso, automaticamente e em tubulações transparentes. O espetáculo é bem legal, o café nem tanto.

A viagem foi muito importante para confirmar que estamos no caminho certo. Todas as principais operações usavam máquinas La Marzocco, assim como nós. E as técnicas de extração de espressos e preparo de cappuccinos são muito parecidas.

Acho que temos ainda uma vantagem em relação a eles, o café brasileiro. Nenhuma dessas operações utilizava grãos do nosso pais. Perguntei ao barista da Stumptown e ele disse que é difícil comprar pequenos lotes daqui. Não acho difícil e com certeza temos cafés no Brasil de altíssima qualidade e com muita diversidade.

Arsenal do barista

Good coffee!

Por: Clovis Althaus



segunda-feira, 25 de abril de 2011

Estilo Gastronômico - Volume III

Cartola é 100% Brasil

Última aula do professor Jorge Nascimento. Enjoy!

Estilo de cozinha brasileira


Quando falamos da cozinha brasileira devemos levar em consideração a vinda da família imperial brasileira ao Brasil em 1824. A partir desta data a cozinha nacional passa por mudanças fundamentais e começa a se estabelecer de fato num sentido mais amplo.

Anteriormente a vinda da família imperial, tínhamos um longo e excelente menu de bolos e tortas que as fazendas do ciclo da cana-de-açúcar introduziram nas nossas cozinhas.

Com a vinda de Dom João VI veio a cerveja, o sorvete, os frangos, os vinhos de qualidade, a doçaria portuguesa, as caldeiradas, os assados e cordeiro e cabrito... Uma enorme tendência da cozinha francesa se estabeleceu na corte e uma gama de bares com os típicos petiscos portugueses abriram suas portas no Rio de Janeiro que passava por uma enorme urbanização para abrigar a corte portuguesa , petiscos estes que deram origem as nossos atuais, clássicos e atualmente repaginados “butecos”.

Receitas e hábitos clássicos lusitanos foram se adaptando a vida, clima e produtos brasileiros. De norte a sul as cozinhas foram se formando e sendo influenciadas pelas culturas não só dos povos que por aqui chegaram, mas as culturas dos ingredientes e produtos que foram se estabelecendo nas cidades: melaço, pamonha de milho, charque, o churrascos, mogangas, abóboras, as massas dos imigrantes italianos, os pães, doces, a feijoada introduzida pelos portugueses e transformadas pelos africanos. A charcuteria trazida pelos alemães além da carne de porco e seus marrecos, os pimentões, os frutos do mar, as frutas secas e churros dos espanhóis, os queijos dos holandeses, enfim uma cozinha rica de cores, aromas, tradições e tradições reinventadas ou adaptadas aos dogmas religiosos e a uma comensalidade regida pela Europa.

Com a chegada do industrialismo brasileiro nos anos 50 do séc. XX e o crescimento mundial do pós grande guerra, o cinema, a indústria, o poder aquisitivo e o modelo industrial do Brasil desta época, faz nascer um movimento nacionalista no fim da era Vargas e o início da era JK. Nasce Brasília, O hotel Copacabana Palace e astros e estrelas de Hollywood, o carnaval, o restaurante Bife De ouro e seus pratos em homenagem aos vários ilustres brasileiros. Torta Marta Rocha, Torta Olga, Filet a Osvaldo Aranha, Picadinho Maria Luisa, Salada Carmem Miranda, peixe à pernambucana, moqueca baiana, moqueca capixaba, caipirinha uma grande criação de pratos que vão se tornar clássico da cozinha brasileira.

Temos ainda mais dois momentos importantes que vão esculpir a gastronomia brasileira no 70’s e 80’s do séc. XX, onde duas levas de chefs de cozinha desembarcam no Brasil: a primeira com a vinda das bandeiras internacionais dos hotéis como Sheraton, Hilton, Meridien e a criação da EMBRATUR uma leva de chefs alemães que começaram a qualificar a mão de obra brasileira.

A segunda com a vinda de outro time de chefs que se estabelecem no Brasil e formam famílias, nomes como Claude Troigoiss, Emmanuel Bassoleil, Ericq Jaquim, Cristhophe Bessé, Luigi Tartari e tantos outros.

Estes chefs europeus descobrem no Brasil ingredientes que não existiam na Europa como o maracujá, a mandioquinha, as frutas do norte e nordeste criando assim uma forma européia de cozinhar com produtos verde amarelo. Uma importante evolução e democratização da gastronomia neste período é a formação da primeira escola de alta gastronomia no pais: Água de São Pedro do SENAC forma chefs totalmente nacionais num curso de alta qualidade.

A partir dos 90’s do séc. XX as estrelas das cozinhas começam a ser chef’s autenticamente brasileiros que dominam as técnicas da “alta gastronomia” e reinventam pratos clássicos brasileiros que nunca haviam tido oportunidade de serem servidos nos elegantes salões das sociedades brasileiras, mesmo sendo os favoritos de todas classes sociais, não entravam nos dourados salões.

É caldinho de feijão, pasteizinhos, sanduíches de carne de panela, moquequinhas, o palmito pupunha, a castanha-do-Pará agora chamada de castanha-do-Brasil, os peixes da Amazônia, as frutas do norte, as farinhas de mandioca, o dendê, as ervas da Amazônia, os pratos sendo desconstruindo da forma “ cozinha primitiva” e servidos num contexto onde o crocante, a textura, o sabor e a comensalidade fazem um conceito do atual estilo contemporâneo da cozinha brasileira.

Por: Chef Jorge Nascimento, professor de Hotelaria da PUC RS

quarta-feira, 20 de abril de 2011

La Marzocco

A empresa La Marzocco é considerada a Ferrari das máquinas de espresso pelos baristas e entendidos do assunto. Está no mercado desde 1927. Quem me deu essa informação foi o Clovis Althaus, do Café do Mercado. Fui convidado por ele à experimentar e sentir a diferença.

De uma lado a melhor máquina de espresso, do outro uma das melhores baristas do Brasil, a talentosa e simpática Miriam. Dois ristretos saindo. Impressionante. É algo fora de série, a textura parecia de um caramelo. Tinha uns tigrados vermelhos no centro do café, que são as notas de sabor. O aroma, a temperatura, tudo perfeito.

Enfim, a descoberta da xícara perfeita.

GB 5

Strada

FB 70

Linea

Strada



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Brownie de chocolate com duo de nozes

Noz pecan faz parte do duo

Essa sobremesa fez sucesso no curso de enogastronomia especial de Páscoa que aconteceu na Via Vino, sábado passado. Por sinal foi a melhor harmonização, na minha modesta opinião. Nunca tinha tomado um vinho de sobremesa feito de uva Malbec, que ao ser congelada no pé fica com uma doçura inexplicável.

O brownie faz parte das receitas fáceis e gostosas. A dica do chef é cortar em quadrados, embrulhar em papel celofane e amarrar com uma corda fina ou algo parecido. Presente diferente de Páscoa e feito por você.

Brownie de chocolate com duo de nozes


Ingredientes - Quantidades
Chocolate amargo - 150 g
Óleo de girassol - 120 ml / ½ xic
Açúcar mascavo - 215 gramas 1 e ¼ de xic
Ovos - 2 unidades
Essência de baunilha - 5 ml / 1 col de cha
Farinha de trigo com fermento - 65 g ½ xic
Cacau em pó - 60 ml 4 col de sopa
Nozes pecan e chilenas, picadas - 100 g (50 g de cada)
Pedaços de choco ao leite - 60 g

Preparação:
-Unte forma rasa de 19 cm.
-Derreta chocolate em banho-maria ou no microondas.
-Bater junto o óleo, açúcar, ovos e a essência.
-Adicione o chocolate derretido, as nozes e os pedaços de choco ao leite, batendo até ficar bem misturado.
-Peneire farinha e o cacau e misture por completo.
-Asse numa assadeira de 30 a 35 minutos ou até a casca ficar firme e crocante.
-Deixe esfriar antes de cortar.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Estilo Gastronômico - Volume II

Pra entender bem a gastronomia é preciso saber também geografia

Dando a sequência a aula sobre estilo gastronômico do chef Jorge Nascimento. Aproveitem pessoal, pois o conteúdo é de qualidade.

Estilo mediterrâneo


Quando falamos do estilo de cozinha mediterrânea erroneamente nos remetemos somente às regiões de países europeus que são banhados pelo mar mediterrâneos: Espanha, França, Itália, Grécia e parte da Capadócia na Turquia. Este estilo de cozinha, esta ligado diretamente a religião islâmica. Fazem parte deste grupo as cozinhas mediterrâneas, as cozinhas de Israel, Tunísia, Marrocos, Líbano, Oriente Médio, Síria, Argélia e Egito que envolvendo os três continentes: Ásia, Europa e África.

Uma cozinha que se caracteriza pelo frescor dos seus ingredientes, métodos de cocção simples e quando o estilo mediterrâneo for de um pais onde a religião islâmica é praticada teremos uma cozinha com o frescor característico, porém com dogmas religiosos que irão determinar a comensalidade a mesa.

O uso da bebida alcoólica tanto a mesa como na panela é proibido nas cozinhas dos países islâmicos. Ingredientes como nozes, amêndoas, pistaches, as azeitonas, azeite de oliva, o alho, as cebolas, berinjelas, pimentões, queijo de cabra, grão-de-bico, favas de baunilha, pinoles, açafrão, os cítricos. As ervas frescas: manjerona, manjericão, menta, hortelã, manjerona, orégano fresco, tomilho, o funcho, os pescados, o cordeiro. E as especiarias: cominho, pimentas, pimenta cayena, páprica, coentro, canela, cravo-da-índia, gergelim, os pães Pitta, pepinos, iogurte, melões, as favas enfim se caracteriza por usar o azeite como gordura principal para cozinhar e temperar pratos prontos e métodos de cocção como, os assados, refogados e ensopados aliados a uma comensalidade onde a mão direita é a que leva o alimento a boca.

Todos os ingredientes acima caracterizam o estilo mediterrâneo ( islâmico ou não ) e a comensalidade da mão direita, a proibição do uso da bebida alcoólica, proibição da carne suína entre outros definem se o estilo mediterrâneo é islâmico, ou seja a religião definindo os costumes, a comensalidade bem como os ingredientes das cozinhas

Sucos multicoloridos, chás quentes e gelados acompanham as refeições. Lembrando que na parte da cozinha dos países da Europa o vinho é indispensável à mesa juntamente com uma gama de queijos regionais.

Estilo das cozinhas Orientais (Asian Food)

O estilo da cozinha asiática que vem ser reconhecido no ocidente a partir do fim do século XX. É uma cozinha que tem muito adeptos e que influenciou os atuais estilos de cozinhas de muitos países: Itália, França, E.U.A, Espanha, Leste Europeu, a contemporânea cozinha Brasileira. Um continente com pelo menos quatro principais religiões: Islamismo, Budismo, Catolicismo, Hinduísmo cada uma com suas estruturas específicas e as afins.

Como já sabemos os dogmas religiosos vão determinar a comensalidade e estas guiaram as mãos na cozinhas para elaborar os pratos a serem comidos. Então é de vital importância entender estas singularidades para podermos compreender as cozinhas asiáticas.

Formam o conceito de cozinha Asiática ( asian food) os seguintes países: Índia, Paquistão, Sri Lanka, China, Japão, Vietnã, Tailândia, Laos, Indonésia, Malásia, Cingapura, Austrália, Nova Zelândia, Polinésia e Nova Caledônia. Como pode se perceber existe uma diversidade de países com características geográficas, culturais, religiosas, políticas diferentes que vão desenhar uma riqueza e diversidade de cozinhas e comensalidades.

Outra característica fundamental no estilo de cozinha asiática é que ela é uma comida primitiva. Este conceito de “cozinha primitiva”se define como a refeição normalmente servida num só prato: a carne e guarnição esta num só preparo. Cito como exemplo os dal, noodles, os tandoori, os kormas, robalo à cantonesa, pato laqueado, teriyaki, shushis, sashimis, sukiyaki, arroz cremoso com feijão branco, os nens, frango ao curry verde, pad thai, nasi goreng, nasi kuning, cordeiro com kiwi, bougna marmite de frango e etc.

O conceito de “hot spice”define muito bem este estilo de cozinha onde as especiarias e a pimenta tem características marcantes. São blend de aromas compostos por quatro, cinco ou até mais de quinze especiarias como os currys indianos e tailandeses e uma cozinha de uma só panela , onde a fritura usando óleo de palma é muito típica. Cozinhas em barcos como a dos mercados flutuantes da Tailândia ou o uso do sal através do molho de soja e de agente bactericida do wasabi nas cozinhas do Japão.

Aromas, a ardência das pimentas, as frituras, o frescor, as texturas pastosas, o uso dos pauzinhos chineses ou em japonês hashi, a mão como utensílio (sempre a direita), folhas como recipientes forma este vasto, rico e múltiplo estilo da asian food.

Estilo cozinha das Américas

Para falar da cozinha das Américas é preciso falar da cozinha primitiva dos tempos dos maias, asteca e inca e clóvis. Deste continente saiu a baunilha, o tomate, a batata, o milho, a mandioca, o cacau. Um estilo de cozinha onde o sal, condimentos não era usados e os métodos de cocção eram assar e ensopar.

Com a vinda dos europeus e o domínio exercido por eles, houve neste primeiro momento uma integração da cozinha das America com a luso-espanhola, o sal, a carne bovina, a gordura, a carne de porco, o vinho, o pão enriqueceram e tornaram mais saboroso e nutricional esta cozinha.

Outro momento da história que novamente redesenhou as cozinhas das Américas foi as colônias nas Américas, onde se desenvolveu um plantio de especiarias e tabacos e a vinda de franceses, holandeses, ingleses alem dos já conhecidos portugueses e espanhóis.

Desta forma se desenvolveu uma cozinha mais evolutiva com sabor de especiarias, ervas, pães em ensopados a base de carne bovina, suína e pescados e uma doçaria onde o açúcar de cana se fez presente de forma consistente ( ciclo da cana de açúcar nas Américas). Um estilo de cozinha com fundamentos das cozinhas européias porém, com um perfume das especiarias em seus fumegantes ensopados e com uma característica de cozinha primitiva.

Ingredientes como os feijões, carne de peru (ave nativa em toda America) uma extensa lista e pescados: lagostas, ostras, caranguejos, alligators, peixes de mar e rios, moluscos variados, o doce de leite, os queijos frescos, os vinhos, os espumantes, pães regionais, frutas tropicais e temperadas.

O movimento migratório de várias etnias no fim do séc. XIX e inicio do séc. XX trouxe mais uma forte e variada características que ajudaram nesta nova evolução do estilo brasileiro de cozinha foram os hábitos alimentares, os ingredientes e tradições que tiveram que se adaptar ou reinventar nas cozinhas daqui, formando um estilo influenciado pelos países desses imigrantes: os chineses, os alemães, os franceses, os holandeses, os ingleses, os irlandeses, os japoneses, os turcos, os libaneses, os sírios, os judeus, os italianos, os poloneses,os africanos. Formando uma miscigenação de costumes e tradições, permeada por tabus, crenças, sazonalidades, influências étnicas aliadas a uma forte produção agropastoril e pesqueira.

Por: Chef Jorge Nascimento, professor de Hotelaria da PUCRS

terça-feira, 12 de abril de 2011

Estilo Gastronômico - Volume I

Estilo francês

Conforme prometido, segue aula do chef Jorge Nascimento sobre estilo gastronômico.

"O estilo na gastronomia é definido por vários elementos que vão formar a comensalidade, as pessoas, os grupos, as etnias, as nações ou povos. Estes elementos estão ligados diretamente a características climáticas, religiosas, políticas, sazonais, geográficas, culturais...

Fatores estes, que irão determinar a composição e o estilo de cada uma das variadas gastronomias existentes, esta rede de itens , e digo rede porque são muitas as variáveis que vão determinar o estilo de cada uma: a cultura, a religião, o clima, os tabus alimentares, a religiosidade, a topografia, a localização e tudo mais que vai constituir e definir o aspecto cultural de um povo e etnia.

Temos exemplos milenares e outros nem tanto dos estilos que vem a ser a forma de comer e as regras sociais que constituem os hábitos alimentares. São os estilos de cozinhas: chinesas, japonesas, thailandesas, francesas, italianas, gregas, espanholas, portuguesas, inglesas, chilenas, uruguaias, argentinas, libanesas, turcas, brasileiras, gaúchas, baianas, cariocas, mineiras...

Enfim é uma diversidade enorme e singular mesmo sendo uma gastronomia que vai definir um pais ou etnia, esta gastronomia vai se dividir em regional fazendo com que tenha peculiaridades específicas e diversidades singulares se comparada com o conceito macro da gastronomia mãe.

Iremos começar a estudar os conceitos, estruturas, peculiaridades dos principais estilos de cozinhas étnicas e religiosas das cozinhas regionais do mundo.

Alguns dos estilos de cozinhas:

Francesa – Comensalidade frugal de um menu de no mínimo 5 serviços sendo o mais sofisticado entre 8 a 12 serviços, a divisão do serviço e descrição dos menus da seguinte forma: couvert, entrada fria, entrada quente, pescados, aves, carnes vermelhas, queijos e sobremesa quase que obrigatoriamente com enogastronomia ( harmonização da comida com os vinhos).

Cada região francesa vai ter uma comensalidade que vai se diferenciar no item ingredientes, pois cada região irá trabalhar os produtos regionais nas suas cozinhas. Paris é onde encontramos todos os produtos produzidos nas França, e desta forma a cozinha parisiense vai abrigar esta gama de produtos com um hábitos mais cosmopolita da cidade e suas influências étnicas que formaram a cultura francesa.

O comensal francês, esta altamente treinado e quando digo treinado, quero dizer de forma educativa, pois através do DNA, as pessoas sentem os aromas, sabores, texturas na ponta da língua evidenciando, que o que for bom e ruim será identificado. A cozinha francesa é a pátria mãe de quase todas as cozinhas do ocidente.

Foi ela que determinou a comensalidade e bases das cozinhas ocidentais e estas acharam suas singularidades no decorrer dos seus desenvolvimentos com exceção da cozinha Italiana que manteve suas estruturas originadas no império romano mas de forma evolutiva. O absolutismo e a Revolução Francesa foram dois momentos fundamentais para que o estilo da cozinha francesa tivesse esta qualidade excepcional.

Italiana- A cozinha Italiana tem sua origem no império romano, onde foi estabelecido este estilo de cozinha e que vem se caracterizando pelo uso dos produtos muito frescos, utilização de uma gama de produtos regionais que seguem o mesmo conceito e que curiosamente, é norteado por um bairrismo muito intenso, onde cada produto regional é chamado de “o melhor da Itália, queijo, salumeria, vinhos, sorvetes,carnes, verduras, pescados, molhos, cogumelos...

Uma forma frugal na grande maioria das regiões e mesmo nas mais sofisticadas o raciocínio gastronômico é de usar o frescor, produtos de alta qualidade, técnicas menos elaboradas do que a francesa e nem por isso menos saborosa, além da cor dos produtos que demonstram este conceito.

A mesa italiana que teve muitas influências árabes, mouras, gregas, germânicas, otomanas e etc. Este pais, pela posição geográfica de algumas de suas regiões despertaram ao longo dos séculos domínios e invasões de povos estrangeiros, onde a gastronomia foi devidamente enriquecida de produtos e comensalidades formando assim, o atual estilo de gastronomia italiana.

A comensalidade determina este formato de comer e servir seus pratos: antipasti, primo piati, secondo piati, contorni, fromage e dolci quase que obrigatoriamente servido com a enogastronomia ( harmonização da comida com o vinho). Este é um estilo de cozinha que originou o movimento slow food, movimento este, que se caracteriza por uma cozinha, que se utiliza dos produtos regionais locais e preservando a forma de coze destas cozinhas.

Espanhola – Uma cozinha com um estilo muito típico. Nesta cozinha se percebe de forma muito visível a influência e conversão de hábitos, receitas e dogmas religiosos entre o ocidente e o oriente. Lembrando que neste pais, durante 600 anos houve a dominação moura ( árabe) e este fato histórico moldou e determinou um estilo de cozinha único no mundo.

A Espanha é uma nação fervorista nos assuntos religiosos, pois a influência que os dogmas religiosos, tanto islâmicos como católicos determinaram este estilo de comensalidade.

Um estilo de cozinha onde as especiarias, o doce das frutas secas, a ardência das pimentas, a acidez dos cítricos e seus perfumes e os fumegantes e coloridos ensopados descrevem muito bem estes costumes e onde a religião com um cunho inquisidor determinou o que e como comer.

Os frutos do mar frescos, queijos, arrozes, verduras, pães, vinhos, cervejas, o açafrão, a páprika, frutas desidratas na cozinha salgada e doce, ervas, enfim, o estilo da cozinha espanhola basicamente se traduz na boca, onde sentiremos acidez das especiarias e ardência das pimentas e a enogastronomia ( harmonização dos vinhos com a comida) com vinhos mais duros com seus taninos de personalidade e altamente elegantes.

Portuguesa – Uma cozinha que normalmente é remetida a utilização e uma enorme variedade de pratos a base de bacalhau, que é o verdadeiro, com uma cozinha constituída por uma enorme gama de receitas e pratos que vão muito além do bacalhau.

O estilo da comensalidade portuguesa é descrito por uma mesa composta de sopa, cozidos, das caldeiradas, do pão regional, da carne de cordeiro, das verduras, dos pescados, dos vinhos e sobremesas.

São os portugueses os inventores dos butecos e toda a gama de petiscos que compõem os menus destes estabelecimentos. Esta comensalidade de comer entre as 11 horas e 14 horas petiscos com uma boa taça de vinho do porto, verde ou outro varietal e muito português.

Este foi o estilo de comensalidade que deu origem no Brasil aos atuais e pioneiros butecos do nosso país. Uma cozinha muito rica, que influenciou de forma perene, muitas cozinhas das então, colônias de portuguesas.

Foi por causa de um dos tantos jejuns impostos pelas cíclicas papais da época, que proibia o ato de comer carne por um período, e foi desta forma os portugueses criaram a massa que envolveram em legumes e fritaram, nascendo a “tempurá” hoje prato emblemático japonês classicamente representando por berinjelas, agrião, camarão servido com um molho a base de soja e peixe fermentado.

Portugal foi o último país a entrar para a União Européia (U.E) na gastronomia isto significa o quanto o estilo da cozinha portuguesa mantém suas raízes originais, se preservando dos movimentos da globalização e fusão dos estilos percebido em outros estilos como a França, Itália, Espanha.

Basicamente temos dois estilos de cozinha portuguesa: a cozinha interiorana onde teremos uma cozinha típica regional e milenar compostas por receitas, produtos e hábitos que pouco mudaram no decorrer destes séculos.

Na outra ponta da cozinha lisboeta, há uma cozinha aberta e cheia de influências estrangeiras que se fundiram ao estilo da capital e formaram uma gastronomia onde percebe-se muito as influências das antigas colônias imperiais que pertenceram a coroa portuguesa."

Por: Chef Jorge Nascimento, professor de Hotelaria da PUCRS

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Salve Jorge

Salve Jorge!

Conheci o Jorge Nascimento quando ele ainda era coordenador do curso de gastronomia da Unisinos. Eu era professor convidado da cadeira de Confeitaria e o Jorge passou um dia na aula pra dar uma olhada se estava tudo certo. Foi super profissional e atencioso. Desde que entrei nesse ramo, sempre ouvi falar do seu trabalho, elogiado por todos.

Depois que conheci um pouco mais, vi que além de cozinheiro de mão cheia é um erudito na cozinha. O Jorge é uma enciclopédia ambulante, dá de dez no google. Ele e o Mamadou são as minhas fontes quando tenho alguma dúvida relacionado a algum ingrediente ou técnica.

Outro dia o Jorge publicou no facebook os estilos gastronômicos, dando uma aula virtual para quem quisesse ver. Aproveitei e pedi para publicar aqui no blog, pois conteúdo de qualidade e assinado pelo chef Nascimento vale ouro.

Amanhã publico o primeiro post. Aguardem!

sábado, 9 de abril de 2011

Curso de Enogastronomia de Páscoa

Bacalhau à Brás, um dos meus pratos preferidos

A Via Vino está promovendo uma aula de enogastronomia especial de Páscoa com o chef preferido de vocês no dia 16 de abril. Além da aula tem almoço e degustação de vinhos harmonizados pela somelièré Iáscara Marques.

Confira o cardápio e harmonização abaixo:

Entrada
-Bacalhau à Brás com pão Barbarella
-Quinta de Linhares Azal 2009 - Portugal: Vinho Verde DOC
(garrafa na loja custa R$ 58,00)

Principal
-Bobó de camarão com arroz jamin
-Primitivo di Manduria Sessentani 2007 - Itália: Puglia
(garrafa na loja custa R$ 160,00)

Sobremesa
-Brownie de chocolate e nozes com sorvete de creme
-Barbadillo Medium Sherry - Espanha: Sanlucar de Barrameda
(garrafa na loja custa R$ 102,00)
-Las Perdices Ice Malbec - Argentina: Mendoza
(garrafa na loja custa R$ 130,00)

Via Vino: rua Dinarte Ribeiro, 131 - Moinhos de Vento
Data: 16/04/11
Horário: 11h
Valor do investimento: R$ 140,00
Vagas Limitadas, pagamento antecipado.
Reservas: (51) 3312-1001 ou (51) 9854-8593 com Iáscara
Com estacionamento

Foto:
Cris Berger

terça-feira, 5 de abril de 2011

Cooking Experience

Quer cozinhar com o chef?

O Cooking Experience com este que vos fala já está no site do Food Experiences. A experiência é para duas pessoas, pois sempre é mais legal cozinhar ao lado de um amigo, namorada. Dá para personalizar a experiência, juntando uma turma de até 6 pessoas.

O interessante é que além da aula, tem um jantar completo. Pelo que tenho observado em minhas aulas, faz uma diferença e tanto colocar a mão na massa, cozinhar mesmo. Essa é a essência, cozinhar ao lado de um chef.

Curioso pra saber o cardápio que escolhi? Dá uma olhada no Food Experiences, by Destemperados.