quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Gastronomia em Vancouver - Parte I

Qualidade de vida? É aqui mesmo

A receita do meu amigo Marcus Monteiro que postei aqui no blog veio de um restaurante que ele trabalhou na cidade de Vancouver, no Canadá. Quase estive por lá quando morei na Califórnia. Sempre ouvi maravilhas e que tem uma qualidade de vida excepcional. Foi quando recebi um mail do Ciro Kohlrausch, querendo informações sobre cursos em Vancouver, achando que eu tinha estudado gastronomia. Expliquei o engano, mas enviei a solicitação do Ciro ao Marcus, que respondeu prontamente.

Para aqueles que querem viajar paea estudar gastronomia e morar fora por um tempo, esta pode ser uma boa alternativa. Dividi as dicas do Monteiro em duas partes, pois ia ficar muito longo.

"Vancouver é uma cidade fantástica! Atualmente, junto com Zurique é a melhor cidade em qualidade de vida no mundo. Na época em que morei lá (2002), havia recém roubado o título de melhor do mundo e isso eu pude sentir em muitos aspectos.

Minha ida para Vancouver estava atrelada ao projeto de cursar gastronomia numa escola de cozinha clássica e também morar num país estrangeiro. Para esse projeto eu dediquei um ano, fazendo economias e me informando do máximo de coisas com relação à vida local, costumes, clima, etc. Tudo para ambientar bem por lá.

O curso de gastronomia escolhido foi o professional culinary program da Dubrulle French Culinary Institute, uma escola com cursos bem fundamentados nas técnicas clássicas, com boas abordagens nas cozinhas modernas. O programa foi de aproximadamente 1 ano entre aulas teóricas, práticas (muita prática!) e o estágio, que foi feito curiosamente num restaurante italiano, mas de qualidade muito boa. Falo dele daqui a pouco...

Atualmente a Dubrulle não mais existe. Dois dos antigos professores que tive lá, Chef Tony e Chef Christophe fundaram juntos a Northwest Culinary Academy of Vancouver, que a meu ver é uma ótima opção para estudar, assim como a Pacific Institute of Culinary Arts. Os programas de ambas são bem parecidos, focando nas cozinhas clássicas (francesa e italiana) com pinceladas em confeitaria, panificação, outras culinárias, etc."

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cardápio thai

Manjericão doce, raro prazer

Saiba com exclusividade os pratos que ensinarei semana que vem na aula de culinária thai no Senac. Serão doze receitas, entre entrada, prato principal e sobremesa.

Imperdível, agende-se.

Salada thai com lascas de salmão
Camarão com pasta de gengibre
Filé de porco ao molho agridoce
Frango ao tamarindo
Arroz frito com camarão
Camarão ao curry verde
Frango ao curry Panang
Banana cozida no leite de coco
Arroz moti com manga
Filé ao molho de ostras
Stir fry de lula
Robalo ao curry vermelho

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Anonymous

A hora do sacrifício

Volta e meia sou questionado sobre o programa Anonymous Gourmet da TVCOM, apresentado pelo José Antônio Pinheiro Machado. Quase todos concordam que cansaram do Anonymous, que chegou a hora da renovação.

Não vou falar da genialidade do Pinheiro Machado, seria chover no molhado. O programa como um todo tem seu valor e gosto do personagem Anonymous. Calma, vou explicar. Penso que o programa é a porta de entrada do mundo da gastronomia para milhares de pessoas. Conheço muita gente que até algum tempo atrás, tinha ele como referência. E não sabiam fritar um ovo, diga-se de passagem.

É claro, como tudo na vida, quanto mais nos aprofundamos em assunto que disperte nosso interesse, mais saberemos sobre ele. Portanto, os "filhos" do Anonymous atualmente são gourmands e gourmets e passaram a esnobar o "pai".

O grande negócio para um bom chef de cozinha é que os comensais tenham um grau elevado de cultura gastronômica e saibam diferenciar um prato bem executado de um feito de qualquer jeito. Sou extremamente técnico em relação as minhas preparações. Tento mostrar nas aulas essas diferenças e fazer com que meus alunos passem a exigir de restaurantes que se dizem de alto nível, que façam comida de alto nível.

Alto nível não quer dizer ingredientes caros. Alto nível é um grelhado corado por fora e suculento por dentro. É um camarão macio, é um salmão mal passado, e por aí vai. Não estamos na Europa onde essa cultura é popular. Os povos europeus cultuam a gastronomia há séculos. Ainda estamos engatinhando se fizermos essa comparação.

Entretanto, sinto que estamos evoluindo e rápido. Dois dados que levo em consideração para fazer essa análise é número expressivo de escolas de gastronomia e o aumento no consumo de vinho no país. Quem bebe vinho gosta de comer bem, uma coisa leva a outra.

Já as escolas tem um papel importante nessa (re)evolução. O saber "técnico" também é importante. Resta para esses aspirantes a chefs que tenham um pouco mais de paciência, e tenham consciência que o saber "prático" é tão relevante quanto.

Tem gente achando que basta fazer um cursinho na Tailândia de uma semana para ser chamado de chef. Pobres coitados, nem sequer lixaram uma chapa após uma noite de movimento pegado e limparam o chão da cozinha, só pra exercitar um pouco a humildade.

Voltaremos!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Agenda de outubro

Tá chegando a hora, reservem seus assentos

Para os interessados nas aulas do chef, aí vai a agenda, até então, do mês de outubro.

Culinária Tailandesa
Dias: 4, 5 e 6
Local: Senac (Fatec)
Valor: R$ 312,50
Maiores informações: 51 3022-1044

Cozinha Territorial
Dias: 16 e 17
Local: Pousada do Engenho - São Francisco de Paula
Valor: R$ 130,00
Maiores informações: 54 3244-3887

Enogastronomia
Dia: 23
Local: Via Vino
Valor: a definir
Maiores informações: 51 3312-1001

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A xícara perfeita

Café de verdade

O Clovis Althaus Junior é amigo de longa data, do tempo que íamos de ônibus todo final de semana surfar em Atlântida. Lembro dele cozinhando para os amigos, após passar o dia inteiro em função das ondas. Não fiquei espantado quando ele abriu o Café do Mercado em 1997. Mas fiquei feliz e contente quando provei o espresso, meu preferido. Perfeito.

Agora ele passa a colaborar com o blog trazendo notícias e novidades do mundo do café. O texto logo abaixo do Clovis não é nada técnico, o que me agradou para estréia da coluna.

No mundo todo, empresas interessadas em qualidade se esforçam para entregar aos apreciadores de café a xícara perfeita. Comprar os melhores grãos, produzir em equipamentos de alta tecnologia e finalmente tirar o espresso com a melhor técnica são com certeza aspectos fundamentais dessa eterna busca.

Para mim, a xícara perfeita, além do aroma, cremosidade, sabor e temperatura ideais, é aquela que carrega toda a paixão das pessoas envolvidas nesse fascinante universo do café. Do produtor ao barista. Além disso é degustada entre pessoas queridas, em um ambiente agradável, calmo, que privilegie a conversa ou mesmo a introspecção, enfim o momento mágico do cafezinho.

Bom café.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Professor

Keep connecting your dots

Vendo novamente o discurso do CEO da Apple, Steve Jobs, enxerguei outros pontos que liguei em minha carreira. Neste caso o de professor. Morei em Los Angeles por três anos e para continuar falando inglês após minha chegada no Brasil resolvi fazer um curso especial para torna-se professor. Meu inglês tinha nível para frequentar a classe e digo que ali, aprendi muito sobre como passar o conhecimento e agir em sala de aula. Antes mesmo de terminar o curso fui convidado para lecionar no Yazigi.

Resolvi encarar o desafio e colocar em prática o que tinha aprendido. A instituição é reconhecida no estado e no país por sua excelência na área pedagógica. Tive muita sorte de ter duas orientadoras que foram decisivas na minha vida acadêmica, a Aninha e a Kity. Duas mentes brilhantes que me mostraram o caminho certo e sempre me incentivaram. Vi que não queria fazer isso pro resto da minha vida. Eu gostava, mas não amava. Foi uma baita experiência dar aulas para crianças, adolescentes e adultos.

Comecei a enxengar os pontos sendo ligados quando dei minha primeira aula de gastronomia. Foi tudo muito natural, sem forçar a barra ou tremer as pernas de nervoso. Aqueles anos que trabalhei como professor de inglês me deu uma base e um conhecimento que só fui perceber o quanto foi útil quase sete anos depois.

Segundo Jobs, a gente só conecta os pontos mais tarde, com o tempo. Antes disso, temos que fazer as coisas com o coração e achar aquilo que realmente amamos. Isso aconteceu comigo, procurei o que realmente amava e quando achei, peguei com unhas e dentes e entrei de cabeça, trabalhando e estudando com afinco. Porém, enquanto eu não achava o meu caminho, trilhava outros com a mesma dedicação e paixão. Isso faz a diferença, acreditem.

Entretanto o mais importante é achar algo que faça você levantar de manhã cedo e se sentir feliz. Uma profissão que você leve para o resto da vida, sem se importar com os outros. Quando anunciei para família que iria trabalhar como cozinheiro, houve um silêncio. Já estava grandinho e pagava minhas contas, mas confesso que ninguém soltou foguetes ou aplaudiu minha decisão.

Dúvidas eu tinha em quilos. Será que vou conseguir ser bem sucedido na profissão? Será que fiz a escolha certa? Hoje a resposta é clara, como um consomê perfeitamente executado.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ligando os pontos

Connecting the dots é a frase que mais me marcou quando vi pela primeira vez esse discurso do brilhante Steve Jobs na Universidade de Stanford, Califórnia. O mestre do design e tecnologia dá uma lição de vida em 15 minutos. O meu amigo Ary Filgueiras lembrou desse emocionante discurso após ler um post que escrevi aqui no blog.

Lembrei dele e resolvi postar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Last call

Aerado eu sou

A última aula do Curso para Iniciantes ficou para o mês de setembro e acontece nessa quarta-feira, dia 22. Dessa vez os alunos aprenderão a fazer bruschettas, risoto mediterrâneo e mousse de chocolate. A aula é para iniciantes, não é necessário saber cozinhar.

Após o preparo das receitas, teremos degustação.

Ainda há vagas, corram!

Espaço Gourmet Blue Ville

Cristovão Colombo, 3309
Informações: (51) 3326-7000
Dia:22 de setembro - quarta-feira
Hora:19:30 às 22:00hs
Menu:Bruschettas, risoto mediterrâneo e mousse de chocolate.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pão orgânico com paleta defumada e patê de azeitonas e hortelã

Tô bem na foto?

Mais uma criação do chef que ilustrou o Caderno de Gastronomia de Zero Hora. Esse entra também na categoria fácil e gostoso!

Pão orgânico com paleta defumada e patê de azeitonas e hortelã

(para 4 pessoas)

Ingredientes - Quantidades
Pão orgânico Barbarella - 4 un
Paleta defumada - 100 g
Azeitonas - 1 xícara
Alcaparras 1 colher de sopa
Alho - 1 dente
Filé de anchova - 1 unidade
Hortelã - 2 ramos
Uva passa branca - 3 colheres de sopa
Azeite de oliva - 2 colheres de sopa

Preparação:
-Aquecer o forno a 200º.
-Enrole a paleta defumada formando canudinhos.
-Introduza o resto dos ingredientes num processador e bata até virar uma pasta.
-Coloque o pão no forno por cerca de 3 minutos.
-Abra e passe o patê de azeitonas na base e por cima os enroladinhos de paleta.

Foto: reprodução Zero Hora

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Modena

O maestro Luciano Pavarotti era sócio do Europa 92

Modena é a cidade italiana famosa pelo aceto balsâmico. Ontem tive o privilégio de participar de um jantar com o chef Fernando Patano, do Ristorante Europa 92. Eles estão fazendo um tour pelo Brasil para divulgar a região, a gastronomia local e os vinhos. Ah, o jantar era harmonizado com vinhos italianos. A importadora Porto a Porto está de parabéns pela iniciativa. Poder ver de perto o que estão fazendo na Itália, é de extrema importância para um chef de cozinha. Claro, viajar e estar no local de origem, no território, é o ápice da experiência. Entretanto, o ápice da comodidade é ter um jantar de sonhos a menos de dois quilometros de sua casa.

A entrada do chef foi genial. Um flan de queijo pecorino com creme de ervilhas e presunto cru crocante. Fiquei paralisado, simplesmente delicioso. Agora fica aquela expectativa, será que ele surpreenderá novamente? Em seguida veio uma massa com tomate cereja, alcaparras e azeitonas. Sabores típicos italianos. Acontece que ao lado da pastaciutta estava uma camada de ricota quente de búfula. E isso foi uma das coisas mais maravilhosas que comi ultimamente. Ok, ele manteve o mesmo nível, alto, diga-se de passagem.

O prato principal parecia simples: filé ao molho de parmesão com toque de aceto balsâmico e batata rosti. O filé no ponto que eu gosto, mal passado, sem estar sangrando execivamente, e o molho era um manjar. E o toque de balsâmico deu uma acidez na medida.

Mas o improvável aconteceu. Após uma apresentação de luxo, o chef deu uma leve escorregada na sobremesa, uma torta de tiramisú, desenvolvida com o maestro Luciano Pavarotti. Sempre tive na minha lembrança uma sobremesa leve, mas o creme de mascarpone estava numa textura que parecia uma creme patissier. Longe de estar ruim, pois comi tudo, mas perto dos outros pratos esse foi o que menos se destacou.

A harmonização da noite ficou por conta do vinho tinto Brunello di Montalcino - Camigliano com o filé ao molho de parmesão. Irretocável.

P.S. Caso entrem no site, não deixem de ver o guest book.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mix de folhas com pão de carne, queijo feta e vinagrete de bergamota

...queijo feta e vinagrete de bergamota

Essa salada é 100% gaúcha. O queijo é da Casa da Ovelha em Pinto Bandeira, o pão de carne de Santa Cruz do Sul, a bergamota e as folhas completam a receita harmoniosamente. Parece difícil a montagem do prato dessa maneira, e é mesmo. A idéia é fazer uma apresentação diferente, de outra forma, outro ângulo.

Mix de folhas com pão de carne, queijo feta e vinagrete de bergamota.
(para 4 pessoas)

Ingredientes - Quantidades
Alface baby crespa roxa - 1 un
Alface frisée - 1 un
Rúcula - 1 un
Pão de carne - 200 g
Queijo feta - 100 g
Suco de bergamota - 250 ml
Açúcar cristal - 3 colheres de sopa
Azeite de oliva extra-virgem - A gosto
Sal e pimenta-do-reino - A gosto

Preparação:
-Lavar as folhas e deixa-las de molho em solução de cloro (específico para cozinha). Enxaguar, secar e reservar.
-Coloque o suco de bergamota numa panela pequena com o açúcar. Deixe reduzir em fogo baixo até engrossar. Reserve
-Numa tigela, misture a redução de bergamota com azeite de oliva. Bata com um fouet até que esteja homogêneo. Tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto.
-Monte a salada num prato e salpique por cima o queijo feta e o pão de carne.
-Regue com o vinagrete de bergamota e sirva.

Foto: reprodução Zero Hora

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Stir-fry de quinua com cogumelos e alho poró

Stir-fry de quinua com cogumelos e alho poró

Uma honra participar do Caderno de Gastronomia do jornal Zero Hora. Sexta-feira passada foi o meu debut e digo que curti bastante ter feito esses pratos. Fui coerente com a minha história e vivência na gastronomia, seja preparando ou provando pratos. Levando isso em consideração, some o fato de estar sempre em busca dos ingredientes mais frescos, de preferência orgânicos e para finalizar, técnicas francesas e tailandesas que aprendi ao longo da minha carreira.

Coloquei em todas receitas algum produto de regiões do estado. No styr-fry, eleji os cogumelos da serra gaúcha para receber um tempero thai. Fácil de fazer, muito gostoso e saudável.

Stir-fry de quinua com cogumelos e alho poró
(Para 4 pessoas)

Ingredientes - Quantidades
Quinua Real orgânica - 200 g
Shiitake - 200 g
Cogumelo shimeji - 200 g
Alho poró - 2 un
Cenoura - ½ unidade
Cebola roxa picada - 2 colheres de sopa
Molho de ostras tailandês - 4 colheres de sopa
Shoyu light - 4 colheres de sopa
Açúcar cristal - 1 colher de sopa
Pimenta do reino moída na hora - A gosto
Óleo de canola - 3 colheres de sopa

Preparação:
-Cozinhe a quinua sem sal e óleo da mesma maneira que um arroz. Reserve na geladeira.
-Corte o alho poró bem fino, a cenoura em palito, e os cogumelos em pedaços maiores, não muito finos.
-Numa frigideira ou panela wok, coloque o óleo e refogue a cebola e o alho poró rapidamente.
-Coloque os cogumelos e mexa bem com uma colher.
-Adicione a quinua e mexa mais um pouco.
-Tempere com molho de ostras, shoyu light e pimenta do reino e continue mexendo por mais alguns segundos.
-Sirva imediatamente e decore com ciboulette.


Foto: reprodução Zero Hora

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Viking

A Viking nasceu diante um desejo da esposa do dono da empresa em ter um fogão resistente, como os de antigamente. O primeiro fogão foi vendido nos Estados Unidos em 1987, e desde então a marca é reconhecida pelo design, durabilidade e tecnologia.

A família Viking cresceu com o tempo e hoje em dia, além dos fogões, tem coifa, facas, panelas, frigideiras e etc. Tudo no mesmo estilo com design arrojado.

Os produtos são premium, o preço é alto, mas compensa pela qualidade e durabilidade. Ótimo investimento para gourmets sérios.

Cooktop elétrico

Coifa

Facas
Forno

Estilo e design

Fogão dos sonhos

Grill

Torradeira

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cozinha territorial, um projeto sem fronteiras

Cheesecake com mirtilo da serra gaúcha

Cozinha territorial, um projeto sem fronteiras

A ideia de trabalhar com produtos frescos não é novidade. Todo bom cozinheiro que se preze vai dar prioridade aos produtos do dia, com o viço que somente a proximidade com o local onde foi produzido garante. Um suco de laranja com o fruto colhido ali do lado ou um omelete com ovos postos por galinhas do vizinho não são sonhos do passado ou restritos a comunidades afastadas. Os grandes centros urbanos estão propiciando cada vez mais oportunidades para que isso aconteça. Obviamente continua sendo bem mais fácil conseguir tudo no supermercado na hora que você quer na hora que você pode. Mas ser chef é ser exigente, é querer sempre o melhor e isso tem seu preço.

Felippe Sica valoriza muito a qualidade dos ingredientes que utiliza em sua vida profissional e, agora, mais ainda em sua vida pessoal. Desde a gestação de sua filha Dora, hoje com um ano de idade, a preocupação com o procedência dos alimentos preparados em casa tem se redobrado. O reflexo no trabalho foi natural. A inclinação para o uso de produtos orgânicos tornou-se mais forte. Das papinhas para a filhota aos jantares especiais com influências da Tailândia ou da França, ou mesmo para um trivial almoço de domingo, o chef busca sempre os ingredientes do dia, no mercado, na feira, com seus fornecedores especiais.

Seu projeto, Cozinha Territorial de Felippe Sica, surgiu como resultado desta tendência e com o intuito de valorizar a cozinha local (seja em que local for), seus produtores, sua tradição. Como seu trabalho tem também um carater itinerante, o chef se propõe a vasculhar, estudar e encontrar em cada local, microrregião de Porto Alegre, do Estado ou mesmo do Exterior, aquilo que é produzido nas proximidades e que exponha uma identidade. Na serra, vamos buscar o produtor de geleias, queijos, vinhos, na Campanha, a melhor carne, o melhor grão, o melhor arroz. Se estiver na França, vamos usar bons queijos, bons temperos. No Nordeste, queijo coalho, carne seca, dendê. A Cozinha Territorial não é um projeto limitado, pelo contrario, é amplo, sem fronteiras em seu conceito.

O projeto tornou-se concreto e possivel graças à mobilidade conquistada. Nesta fase de sua carreira, também influenciada pela chegada de Dora, Felippe decidiu liberar-se da atuação em restaurantes. Koh Pee Pee, Chez Philippe e Constantino foram grandes escolas que colocaram em pratica os conceitos, técnicas e teorias recebidos nas aulas do curso de cozinheiro profissional do Senac-RS e mestres como Mamadou Sène, Philippe Remondeau e Eduardo Sehn foram fundamentais para sua formação. Hoje Felippe atua como consultor gastronômico de restaurantes, bares e hoteis, e como chef independente realizando jantares e eventos especiais para grupos fechados. O chef encontra tempo também para ministrar aulas para o Senac, empresas, confrarias, eventos, como na BioNat 2010, que se realiza entre 24 e 26 de setembro, na Usina do Gasômetro. Na ocasião o chef vai estar em duas oficinas para ensinar ao publico formas de aplicação de ingredientes orgânicos na culinaria do dia a dia.

Por: Rejane Martins - Nexo Comunicação
Foto: Cris Berger

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Que comida você mais detesta?

Vai uma língua aí?

Outro dia a chef Carla Pernambuco escreveu no seu facebook: "que comida você mais detesta?". Apareceu de tudo, é claro. Cada um tem suas preferências. Venho observando que a comida gera nas pessoas uma relação de amor e ódio. Já falei aqui de traumas de infância, que pode levar qualquer um a realmente odiar um alimento.

Pensei antes de responder, pois não me vinha na cabeça uma comida que eu não gostasse. Acredite, quem ama sarapatel, mocotó, coentro, gosta de tudo. A minha resposta foi a seguinte: tudo que é mal preparado é ruim. Quando a comida é bem feita, temperada e sem exageros, difícil não ficar bom.

Vou exemplificar minha teoria. Provo tudo o que me dão pra comer, a não ser que seja algo bizarro (ainda não aconteceu isso ainda). Tempo atrás comi, nem lembro aonde, língua. Fiquei horrorizado com a textura, pois parecia que estava mordendo a minha própria língua. Odiei, argh, que troço asqueroso.

Anos depois, durante a janta dos funcionários no Chez Philippe, me servi de dois lindos bifes de carne. Nem precisei fazer força para cortar, estava se desmanchando de tão macio e muito gostoso. Perguntei a Irene, que tinha cozinhado o jantar, que carne era aquela.

Ela disse tranquilamente: "língua".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Maquiné

Atenção: parada obrigatória!

Os Doces Maquiné é parada obrigatória na volta do litoral norte gaúcho. Os tradicionais doces do nosso estado estão quase todos ali, em bonitas embalagens, prontos para ser consumido. Tem também queijos e salames coloniais, além de uma vitrine inteira só de cucas e bolos. Num cantinho estava as cuecas viradas, minha paixão junto com os bolinhos de chuva. Nesse exato momento vem uma reposição com cuecas viradas quentinhas saindo do forno. A Cristina já estava de olho e este fator foi decisivo para que entrasse na sacolinha das compras, de vime por sinal.

Outro ponto alto é a variedade de schimier. Peguei o de maçã, meu preferido, mas quase fiquei com o de abóbora. E agora, o que fazer: bala de coco, rapadura ou pé-de-moleque? Na dúvida leve os três, porém, devido ao pecado da gula, os escolhidos foram a bala de coco e a rapadura especial.

Na hora do lanche o que mais apeteceu foi a torrada com pão, queijo e salame colonial. O preço pode parecer caro (R$ 7,20), mas o tamanho compensa e dá pra dividir tranquilamente. Entrar no Maquiné trás boas lembranças. Lugar família, tradicional e que está há anos mantendo um alto padrão de qualidade, tanto de produtos quanto de atendimento.

P.S. Já ia me esquecendo da rosquinha de polvilho, simples e delicadamente deliciosa.

Doces Maquiné
Rodovia RS - 030, s/nº
Km 89
Osório / RS
Diariamente, das 7h às 22h.
Telefone: (51) 3663-2421

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Whole Foods Market

Whole Foods é a Disneylândia dos produtos orgânicos. Fui entender o conceito de alimentação orgânica e natural quando entrei nesse súper em 1996. A primeira vista a gente fica chocado com a disposição dos alimentos e da qualidade dos mesmos. Paga-se mais caro? A resposta é sim, mas vale cada centavo. Ao contrário do Brasil onde precisamos fazer uma maratona para ter uma alimentação saudável e longe de químicos e agrotóxicos, em Los Angeles e outras cidades dos Estados Unidos, Grã Bretanha e Canadá, basta ir ao Whole Foods Market. Simples, prático e saboroso.

Encontrei esse vídeo no youtube e colei aqui pra vocês terem um idéia do que estou falando.
A propósito, segurem o queixo.

P.S. Quando algum visionário fará algo parecido por aqui?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Creme du Barry

A amante que virou creme

A Isadora é cozinheira e tem um blog muito bacana, o bistro da coralina. Sempre dou uma espiada pra ver o que essa gaúcha anda aprontando lá em Fortaleza. Volta e meia ela aparece nos comentários aqui no blog dando sua opinião. Prontamente ela topou enviar uma receita pra dividir comigo e com vocês. Eu amo esse creme, e a história da receita da Isa é daquelas que vale a pena ler.

"Essa receita tenho um carinho muito grande por ela. Alguns bons anos atrás no início do meu namoro com o marido, fomos jantar na casa de uma tia dele na qual é ótima na cozinha e tem um super bom gosto. Ela serviu de entrada um creme de couve-flor de comer de joelhos.

Conversa vai conversa vem, fui questionar sobre o preparo. Na época eu nem era tão ligada na gastronomia, era bem mais nova e cozinhava só no final de semana. Talvez nem tenha absorvido tudo que ela contou, mas lembro que ela disse que esse era um creme que ela havia comido em um vôo internacional e tinha se apaixonado. Aí começou a testar em casa até achar a receita perfeita.

Os anos passaram e eu entrei de cabeça na gastronomia, então fui auxiliar na cozinha de um evento na qual estávamos servindo adivinha o que? O creminho de couve-flor que leva o nome de Creme du Barry em homenagem a condessa Madame Jeanne Becu du Barry, amante de Luís XV, famosa beldade francesa que morreu na guilhotina durante a revolução francesa. E ai comecei a buscar a minha receita através do que a tia me passou, do que absorvi na preparação durante o evento e dos meus gostos pessoais também. Essa receita está no Top 10 das minhas preparações."

Creme du Barry
(6 porções)

Ingredientes - Quantidades
Alho-poró médio - 1 unidade
Cabeça de couve-flor - 1 unidade
Manteiga - 2 col. de sopa
Farinha de trigo - 4 col. de sopa
Caldo de frango ou caldo de legumes - 1 1/2 litro
Gemas - 2 unidades
Creme de leite (preferência fresco) - 150g
Sal e pimenta do reino

Preparação:
-Comece higienizando o alho-poró
-Corte as pontas duras verde e o final do lado de fora da raiz, então fatie na vertical da parte verde para baixo na parte branca, cerca de 2 polegadas. Lavar com água corrente até que toda a sujeira e areia sejam removidos.
-Pique o alho-poró limpo.
-Divida a cabeça de couve-flor em dois e, em seguida, fatia as florzinhas da haste central.
-Coloque os floretes numa panela com água fria e deixe no fogo apenas até que a água entre em ebulição.
-Retire do fogo e imediatamente enxágue com água fria.
-Em uma panela alta, derreter a manteiga, em seguida, adicione o alho-poró picado. Cozinhe por cerca de 5 minutos, ou até o alho-poró começar a amolecer (sem deixar escurecer).
-Adicione a farinha e mexa para revestir completamente o alho-poró.
-Adiciona o caldo aos poucos, mexendo continuamente para não deixar formar grumos (iniciar
adicionando muito pouco caldo e gradualmente ir adicionando mais).
-Deixar a mistura levantar fervura e adicionar a couve-flor, em seguida, ajuste a chama do fogão para que a sopa ferva bem baixo.
-Cozinhe por 20 minutos, ou até a couve-flor ficar macia.
-Deixe a sopa esfriar alguns minutos, em seguida, processe no liquidificador até obter um creme bem liso.
-Em um bowl, misture as gemas e o creme de leite. Adicione uma concha cheia de sopa quente e
misture bem.
-Despeje essa mistura na sopa e aquecer em fogo baixo até a o creme atingir a temperatura desejada, mas cuidado, você não pode deixar ferver pois as gemas irão talhar. É só para quebrar o gelo da mistura que foi adicionada.
-Tempere com sal e pimenta a gosto. Você pode decorar com cebolinha se quiser, ou ainda servir com croutons.
-Se quiser uma cremosidade ainda maior, pode adicionar 1 batata média junto ao cozimento da couve-flor.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Hoodoo Gurus

Hoodoo Gurus é mais uma banda australiana que adoro. A primeira vez que ouvi fiquei encantado e queria copiar o k7 do meu amigo a qualquer custo. Parece séculos atrás quando falamos de fita k7...

Bons tempos aqueles, mas chega de saudade, clica aí e ouve a música 1.000 miles away.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Torta de noz pecan com chocolate branco

Noz pecan

O blog abre espaço para os amigos. Estou convidando os amigos e leitores, profissionais ou não, para colaborar. O motivo é apenas um: troca de idéias, de experiências. Cada receita sempre tem uma história legal e interessante para ser contada. O único porém, é que as receitas sejam de fácil execução, para que todos tenham vontade de fazer.

O meu camarada, chef Marcus Monteiro, inaugura a seção e coloca na roda uma deliciosa receita de uma torta, segundo ele perfeita como sobremesa de Páscoa ou Natal. Como eu disse, uma receita sempre trás infinitas lembranças, eis as do Marcus.

"Essa receita tem um valor de apego muito grande para mim, pois foi uma das primeiras que aprendi no meu primeiro emprego em cozinha. Eu havia recém terminado meu curso de culinária em Vancouver e pintou essa oportunidade do Villa del Lupo (atualmente, somente Lupo), um grande restaurante italiano de lá.

Logo de cara me puseram para trabalhar com o chef confeiteiro que também era o souschef da casa - coisa rara um confeiteiro ser subchefe, não? Mas essa torta tinha uma grande saída e eu tinha que fazê-la todo santo dia. Depois de um tempo trabalhando lá, já dominando minha rotina, foi muito prazeroso escutar o chef de cozinha dizer que a torta estava melhor do que a que o chef confeiteiro fazia. Se estava realmente melhor eu não sei, mas o elogio me fez ganhar o dia. Chega de blábláblá e aqui vai a receita."

Torta de noz pecan com chocolate branco

Para o recheio:

Ingredientes - Quantidades
Ovos - 3 un
Manteiga amolecida - 1/2 xícara
Açúcar mascavo (compactar o açúcar na xícara para medir) - 3/4 xícara
Farinha de trigo - 1/4 xícara
Creme de leite - 1/4 xícara
Noz pecan picada - 1 1/2 xícara (reservar 10 unidades inteiras para decoração)
Chocolate branco picado em pedaços pequenos - 1 xícara

Para a massa
Pâté Sucrée - "Massa podre doce"


Ingredientes - Quantidades
Farinha de trigo 250 g
Manteiga gelada cortada em cubinhos - 100 g
Açúcar - 100 g
Ovo - 1 unidade

Preparação:
- Pré-aquecer o forno a 180º C (médio)
- Peneirar junto em um bowl a farinha, o açúcar e o sal.
- Fazer uma cova na farinha, e no centro, colocar a manteiga e o ovo.
- Usando a ponta dos dedos, trabalhar os ingredientes até ficarem como migalhas ou com consistência de farofa.
- Compactar toda massa, até ficar homogênea e sovar levemente. Se necessário, para melhor textura, adicionar um pouco de água fria. A massa deve estar lisa.
- Refrigerar a massa, envolta em filme plástico por uns 20 minutos.
- Com um rolo, abrir a massa, deixando-a com 0,5 cm de espessura e forrar uma assadeira de 30 cm de diâmetro.
- Com um garfo, fazer furos na base de toda a massa.
- Assar (pré-assar) por aproximadamente 10 minutos ou até que toda massa esteja levemente dourada.
- Caso o centro da massa levante após ser assado, pressionar para baixo levemente com um pano. Reservar.
Para o recheio:

- Em um bowl ou batedeira, bater a manteiga com metade do açúcar mascavo.
- Adicionar os ovos individualmente e o restante do açúcar mascavo.
- Incorporar a farinha de trigo e o creme de leite.
- Incorporar a noz pecan picada e o chocolate branco picado
- Despejar o recheio sobre a base de massa pré-assada.
- Decorar com as 10 unidades de noz pecan, da forma que quiser.
- Assar (180º C) por aproximadamente 25 minutos ou até que fique o topo da torta esteja firme ao toque.